Aqueles que duvidavam do poder da Internet terão de rever boa parte dos seus argumentos. Dois acontecimentos recentes – o sequestro da filha do apresentador Sílvio Santos e os ataques terroristas em Nova York e em Washington – colocaram a Internet ao lado da TV como fonte básica de informação em tempo real. As emissoras que transmitiram ao vivo os dois episódios e os seus desdobramentos bateram recordes de audiência, o mesmo ocorrendo com os principais sites de notícias do País.
E isso não ocorre apenas quando se tratam de catástrofes. Pouco a pouco, a Internet também consolida uma audiência cativa e específica no dia a dia – esta sim, sem concorrência com nenhum outro meio de comunicação, pelo menos enquanto não chegar por aqui a terceira geração de celulares ou a chamada banda larga. Exemplo desse predomínio ocorre na oferta de serviços bancários.
Todos os meses, cerca de 4,7 milhões de pessoas maiores de 18 anos, a grande maioria situada nas escalas A e B da pirâmide social, acessam, a partir de suas casas, algo em torno de 2 bilhões de páginas diferentes na Internet. Talvez cause surpresa, mas uma em cada seis destas páginas está localizada em um site de banco.
É isso mesmo: Itaú, CEF, Banco do Brasil, Bradesco, Real e Unibanco, em uma relação liderada pela Receita Federal, tiveram em conjunto 293 milhões de páginas diferentes acessadas em julho. Se tivessem em um mesmo endereço, a audiência destes sites seria a segunda maior da Internet brasileira, o que demonstra bem o poderio do setor financeiro também no mundo www.
Sob os mais variados pontos de vista, o setor bancário brasileiro ostenta números expressivos na Internet, não apenas por aqui, mas também se comparados com os EUA, o berço do capitalismo e da própria Web. Um levantamento divulgado recentemente pelo The New York Times concluiu que entre 22% e 25% dos clientes dos dois maiores bancos privados brasileiros - Bradesco e Itaú – realizam regularmente operações financeiras on-line - uma participação relativa bem maior do que os 15% do Wells Fargo, líder no mercado americano de transações bancárias pela rede.
O curioso nesta história é que a desconfiança do usuário brasileiro, que o impede de digitar o número do seu cartão de crédito na Internet e que tem sido apontada como o grande entrave para a expansão do comércio eletrônico no País, parece não prosperar no site do seu banco - assim como já não funcionava em postos de gasolina, restaurantes ou parques de diversão.
Mensagens do tipo "fique tranquilo, pois você está em ambiente seguro" é aceita como garantia e logo você estará digitando não apenas os números de sua conta bancária, mas também - pasme! - a sua senha "pessoal e intransferível". A partir daí, é como se estivesse na própria agência, utilizando de praticamente todos os serviços disponíveis no mundo real, com a vantagem de não precisar enfrentar filas torturantes - ou seguranças sempre prontos a duvidar de um inofensivo telefone celular.
Talvez seja esta a receita para o sucesso na Internet: sites que facilitem as nossas vidas – seja informando e explicando o que está acontecendo agora do outro lado do Atlântico, seja encurtando caminhos entre você, a agência bancária ou a bilheteria do cinema. Infelizmente, por mais simples que possa parecer, a fórmula ainda é ignorada por um bom número de endereços na Internet.
Correio eletrônico para todos
A série de ataques terroristas sobre Nova York e Washington certamente vai tirar o brilho sobre uma importante medida adotada pelas autoridades de Houston, também nos Estados Unidos. No início da semana, o governo local deu um passo importante contra a chamada exclusão digital, ao oferecer, de uma só vez, a todos os seus 2 milhões de habitantes, contas gratuitas de email e acesso a um software que reúne processador de texto, planilha de cálculos, agenda e outros aplicativos úteis no dia-a-dia. A iniciativa, inédita nos EUA e provavelmente no mundo, foi possível graças a um convênio entre o governo local e a Internet Access Technologies, a empresa que desenvolveu o software, que recebeu o sugestivo nome SimHouston (www.simdesk.com).
A diferença básica de outros sistemas de disseminação do uso da Internet está no fato de que o software é instalado em servidores centrais e não nos computadores pessoais, o que reduz consideravelmente os custos e permite o acesso a partir de qualquer máquina conectada à Internet. Jornais norte-americanos especulam que outras cidades devem adotar providências semelhantes nas próximas semanas. O último levantamento da Nielsen/NetRatings revela que três em cada cinco norte-americanos têm acesso a um computador conectado à Internet em casa ou no local de trabalho.
Sons para celulares
Cansado de ouvir sempre o mesmo tom de chamada do seu telefone celular? Que tal personalizá-lo com um trecho da trilha sonora de "Os Flinstones", de "A Pantera Cor de Rosa", "Missão Impossível" ou até mesmo do hino do seu clube de futebol? Embora de utilidade e gosto discutíveis, centenas de endereços na Internet estão oferecendo o serviço, em um leque de opções que agrada a alguns, diverte a outros e irrita a muita gente. Alguns sites chegam ao requinte de oferecer softwares de edição, que permitem ao usuário "compor" o som que quer ouvir ao atender uma ligação, usando como notas musicais as próprias teclas do aparelho celular.
Para quem estiver interessado - ou apenas quiser se divertir um pouco testando as opções disponíveis - aqui vai uma dica e uma advertência. A dica: utilize como palavras-chaves em um site de buscas "ring tones", "toques de campainha" ou "som para celular". A advertência: de cada 10 endereços que vão aparecer na sua tela, pelo menos sete oferecerão o serviço gratuitamente de forma, digamos, "informal". Segundo a Envisional, uma empresa inglesa especializada em identificar conteúdos piratas na Internet, esta "informalidade" causa um prejuízo diário de US$ 1,5 milhão às empresas detentoras dos direitos autorais dos tais ring tones.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo,em 13/09/2001
12 de abr. de 2009
Encontro inevitável entre moda e tecnologia
No final de 1996, Nicolas Negroponte e Neil Gershenfeld, ambos do Massachussets Institute of Techonology, escreveram uma coluna para a Wired e para a Agência Estado com o enigmático título Wearable Computers, algo como Computadores "Vestíveis", numa tradução literal que não encontra amparo no Aurélio. O texto se baseava em um conceito ainda hoje muito difundido no Media Lab, o de que as pessoas deveriam estar "dentro" do computador e não sentado diante de um.
O computador deveria ir aonde as pessoas fossem. E como todas, em maior ou menor grau, estariam vestidas, os dois pesquisadores vislumbravam nos tecidos e nos acessórios pessoais a arquitetura e aliados perfeitos para a concretização de algumas das idéias analisadas em laboratório. Pois o inevitável encontro entre a tecnologia e a moda aconteceu e, pelo visto, não há retorno.
Algumas das principais empresas têxteis do mundo trabalham atualmente no desenvolvimento de tecidos que, além de práticos e confortáveis, são também inteligentes. A ponto de permitir que uma camisa ou um vestido mudem de cor em função da temperatura ambiente ou até mesmo do estado de espírito de quem se deixa trair, por exemplo, pelos batimentos cardíacos.
Meias que retêm o suor do corpo e calças com ajuste automático à silhueta também estão chegando ao mercado. Logo será a vez de lingeries ou tailleurs e, apesar de o conceito por trás dos wearable computers ultrapassar o universo fashion, ninguém deve se espantar quando em breve for anunciado o primeiro desfile high tech e, consequentemente, a primeira top model cibernética virar capa de revistas especializadas em moda.
Imaginem brincos receptores de áudio, óculos monitores ou transmissores de vídeo, sapatos e sandálias dotados de modem ultra modernos ou uma jaqueta jeans com acesso à Internet e ainda por cima capaz de reproduzir arquivos em MP3. Parece exagero? Pois saiba que algumas dessas maravilhas, fruto de parcerias entre empresas de alta tecnologia e fabricantes de roupas ou até mesmo de jóias já estão no mercado, ainda que a preços proibitivos para a grande maioria dos mortais.
Antes do Natal, por exemplo, a jaqueta do parágrafo acima terá na etiqueta as marcas Levi's e Philips e um valor estimado na casa dos US$ 2 mil. A Hitachi também promete colocar no mercado ainda este ano a sua versão de wearable computers, com acesso total à Internet, numa parceria com a Xybernaut (www.xybernaut.com), que desde 90 fornece aplicações para mercados profissionais. O equipamento ainda parece pouco prático e consiste num módulo central em forma de cinto, um teclado adaptado ao pulso, com fones e visores apoiados no ouvido.
Em outra linha de atuação, a Land’s End (www.landsend.com), especializada na venda por catálogos, e a Image Twin, uma empresa de tecnologia, tentam expandir o comércio de roupas pela Internet, com a instalação de quiosques dotados de um aparelho capaz de reproduzir qualquer silhueta em três dimensões. O tal scanner é capaz de "ler" 200.000 pontos da superfície do corpo, tornando possível a confecção de uma roupa realmente sob medida. As informações são armazenadas em um banco-de-dados e podem ser enviadas para as confecções associadas ao sistema, que entregam em casa o modelo pronto para ser usado, sem a necessidade de nenhum ajuste.
Enquanto o body-scanning não chega por aqui, é possível simular a confecção de quase 300 modelos no site da empresa (www.mvm.com). Você preenche um quadro com várias informações e um software se encarrega de sugerir o estilo que melhor se adapta ao seu modo de vida e às suas medidas. A partir daí, você passa a contar com a ajuda de um consultor virtual de moda. Experimente contar "mentirinhas inocentes" e se divirta – ou não - com os resultados.
Desenhando para vestir
Grandes nomes do design e da tecnologia estarão reunidos em outubro na quinta edição do International Symposium on Wearable Computers, em Zurique. A programação do evento (http://iswc.gatech.edu/) resume tudo o que está sendo pensado e desenvolvido sobre os tais computadores "vestíveis", inclusive com demonstrações práticas de algumas aplicações aparentemente futurísticas. No centro das atenções, a preocupação em moldar ao corpo humano várias tecnologias já existentes no mercado.
Um dos destaques mais aguardados é um desfile de moda, produzido por uma equipe multidisciplinar, que reúne estilistas, físicos e especialistas em nanotecnologia, entre outros campos do conhecimento (www.wearablegroup.org). Alguns modelos que serão apresentados foram produzidos a partir de fios que funcionam como cabos transmissores de informações ou capazes de atuar como baterias solares para garantir o funcionamento dos equipamentos "vestíveis".
Bizarros e mutilados
Até o final do mês é possível conferir a evolução da moda e dos costumes em www.mode2001.be, uma grande exposição organizada pelo Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia, Bélgica. Como sugestão, procure pela mostra Mutilate?, que possibilita uma reflexão sobre o universo fashion a partir de uma abordagem histórica e como homens e mulheres movidos por razões estéticas, sociais ou religiosas enveredaram pela decoração e manipulação corporais. Um dos destaques desta mostra são os corselets criados e exibidos pelo polêmico estilista sul-africano Mr. Pearl.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo, em 06/09/2001
O computador deveria ir aonde as pessoas fossem. E como todas, em maior ou menor grau, estariam vestidas, os dois pesquisadores vislumbravam nos tecidos e nos acessórios pessoais a arquitetura e aliados perfeitos para a concretização de algumas das idéias analisadas em laboratório. Pois o inevitável encontro entre a tecnologia e a moda aconteceu e, pelo visto, não há retorno.
Algumas das principais empresas têxteis do mundo trabalham atualmente no desenvolvimento de tecidos que, além de práticos e confortáveis, são também inteligentes. A ponto de permitir que uma camisa ou um vestido mudem de cor em função da temperatura ambiente ou até mesmo do estado de espírito de quem se deixa trair, por exemplo, pelos batimentos cardíacos.
Meias que retêm o suor do corpo e calças com ajuste automático à silhueta também estão chegando ao mercado. Logo será a vez de lingeries ou tailleurs e, apesar de o conceito por trás dos wearable computers ultrapassar o universo fashion, ninguém deve se espantar quando em breve for anunciado o primeiro desfile high tech e, consequentemente, a primeira top model cibernética virar capa de revistas especializadas em moda.
Imaginem brincos receptores de áudio, óculos monitores ou transmissores de vídeo, sapatos e sandálias dotados de modem ultra modernos ou uma jaqueta jeans com acesso à Internet e ainda por cima capaz de reproduzir arquivos em MP3. Parece exagero? Pois saiba que algumas dessas maravilhas, fruto de parcerias entre empresas de alta tecnologia e fabricantes de roupas ou até mesmo de jóias já estão no mercado, ainda que a preços proibitivos para a grande maioria dos mortais.
Antes do Natal, por exemplo, a jaqueta do parágrafo acima terá na etiqueta as marcas Levi's e Philips e um valor estimado na casa dos US$ 2 mil. A Hitachi também promete colocar no mercado ainda este ano a sua versão de wearable computers, com acesso total à Internet, numa parceria com a Xybernaut (www.xybernaut.com), que desde 90 fornece aplicações para mercados profissionais. O equipamento ainda parece pouco prático e consiste num módulo central em forma de cinto, um teclado adaptado ao pulso, com fones e visores apoiados no ouvido.
Em outra linha de atuação, a Land’s End (www.landsend.com), especializada na venda por catálogos, e a Image Twin, uma empresa de tecnologia, tentam expandir o comércio de roupas pela Internet, com a instalação de quiosques dotados de um aparelho capaz de reproduzir qualquer silhueta em três dimensões. O tal scanner é capaz de "ler" 200.000 pontos da superfície do corpo, tornando possível a confecção de uma roupa realmente sob medida. As informações são armazenadas em um banco-de-dados e podem ser enviadas para as confecções associadas ao sistema, que entregam em casa o modelo pronto para ser usado, sem a necessidade de nenhum ajuste.
Enquanto o body-scanning não chega por aqui, é possível simular a confecção de quase 300 modelos no site da empresa (www.mvm.com). Você preenche um quadro com várias informações e um software se encarrega de sugerir o estilo que melhor se adapta ao seu modo de vida e às suas medidas. A partir daí, você passa a contar com a ajuda de um consultor virtual de moda. Experimente contar "mentirinhas inocentes" e se divirta – ou não - com os resultados.
Desenhando para vestir
Grandes nomes do design e da tecnologia estarão reunidos em outubro na quinta edição do International Symposium on Wearable Computers, em Zurique. A programação do evento (http://iswc.gatech.edu/) resume tudo o que está sendo pensado e desenvolvido sobre os tais computadores "vestíveis", inclusive com demonstrações práticas de algumas aplicações aparentemente futurísticas. No centro das atenções, a preocupação em moldar ao corpo humano várias tecnologias já existentes no mercado.
Um dos destaques mais aguardados é um desfile de moda, produzido por uma equipe multidisciplinar, que reúne estilistas, físicos e especialistas em nanotecnologia, entre outros campos do conhecimento (www.wearablegroup.org). Alguns modelos que serão apresentados foram produzidos a partir de fios que funcionam como cabos transmissores de informações ou capazes de atuar como baterias solares para garantir o funcionamento dos equipamentos "vestíveis".
Bizarros e mutilados
Até o final do mês é possível conferir a evolução da moda e dos costumes em www.mode2001.be, uma grande exposição organizada pelo Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia, Bélgica. Como sugestão, procure pela mostra Mutilate?, que possibilita uma reflexão sobre o universo fashion a partir de uma abordagem histórica e como homens e mulheres movidos por razões estéticas, sociais ou religiosas enveredaram pela decoração e manipulação corporais. Um dos destaques desta mostra são os corselets criados e exibidos pelo polêmico estilista sul-africano Mr. Pearl.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo, em 06/09/2001
Marcadores:
Agência Estado,
body scanning,
estadão,
moda,
Nicolas Negroponte,
robson pereira
DivX avança sobre o império de Hollywood
A bilionária indústria cinematográfica decidiu se precaver e anunciou que vai entrar de cabeça no mercado de distribuição de filmes pela Internet. Dois fatores fundamentaram a decisão: a expansão dos serviços de banda larga e o receio de que aconteça com os filmes algo parecido com o Naspter, um pesadelo que até hoje atormenta a vida e as finanças da indústria fonográfica. O curioso é que um argumento reforça – e muito - o outro.
A ameaça é real. Campeões de bilheteria que nem sequer foram lançados em VHS ou DVDs – como Hannibal, Shrek, Pearl Harbor e Lara Croft - Tomb Raider, entre outros - aparecem em cópias piratas na Internet ou em CDs. No mês passado, o alarme sou mais forte para os poderosos de Hollywood quando uma cópia de American Pìe 2 chegou à Internet duas semanas antes do lançamento oficial nos cinemas dos Estados Unidos.
O problema é tão grave a ponto de fomentar rankings dos filmes mais pirateados na rede. Um desses "top ten" é divulgado mensalmente pela MediaForce, uma empresa especializada em proteger copyright e rastrear conteúdos ilegais na Web. O ranking (disponível em www.mediaforce.com/news/topten), aponta a comédia Cara, Cadê Meu Carro? como a campeã de downloads piratas em julho, seguida de perto por Quem Vai Ficar Com Mary?, ambas produzidas pela Twentieth Century Fox.
Assim como o MP3 deu origem ao festival de trocas de arquivos musicais, o segredo da pirataria de filmes está no DivX, um padrão de compactação de vídeo, capaz de fazer com que um DVD de 5 gigabytes caiba inteiro em um CD comum. Com isso, está aberto o caminho para que o filme possa ser copiado, assistido (sem necessidade de um aparelho de DVD) ou “simplesmente” trocado, com o auxílio de programas como o Scour Exchange (http://www.scour.com/) ou o iMesh (http://www.imesh.com/) - semelhantes ao Napster, mas que também realizam trocas de DivX.
Baixar filmes gratuitamente na rede é uma prática relativamente antiga na Web – o próprio DivX surgiu ali pelo final de 99 - e apenas o tamanho dos arquivos, o tempo descomunal para o download e a baixa penetração da banda larga impediam uma maior disseminação. Com o avanço das tecnologias de transmissão, o principal entrave para que ocorra com os filmes o mesmo troca-troca que acontece com os arquivos musicais, cai por terra. E nos EUA, berço do Naspter e agora também do DivX, cerca de 18 milhões de usuários já contam com conexões em alta velocidade.
Até dá para fazer isso por linha discada, principalmente com o auxílio de programas que melhoram consideravelmente a velocidade de downloads. “Não duvide se alguém lhe falar que fez download do filme Matrix com resolução máxima e som digital em poucas horas!”, ressalta em bom português um site com um farto estoque de filmes, trailers e vídeoclips “disponíveis” em Divx. É a mais pura verdade. Não duvide.
Quanto custa e quanto vai custar?
No comunicado conjunto divulgado na semana passada, MGM, Paramount, Sony Pictures, Universal e Warner Bros não revelaram quanto pretendem cobrar pela “legítima distribuição de conteúdo na Web”. Disseram apenas que vão somar esforços para garantir “um nível adequado de proteção de copyright”, por meio de um software de gerenciamento de direitos autorais.
A MPAA, entidade que reúne os grandes estúdios norte-americanos estima em US$ 3 bilhões a perda anual de receitas do setor provocada pela pirataria (www.mpaa.org/anti-piracy). É cedo para sabermos se o monstro será domado. Mas, pelo menos, a indústria do cinema não vai fazer como os executivos musicais que só despertaram para o problema quando já existiam 50 milhões de usuários torcendo contra.
Harry Potter e Stephen King
Já que o assunto é ranking de pirataria, um bom endereço a ser visitado é o www.envisional.com, que traz a relação dos e-books mais “trocados” na Internet. São quase 7.300 títulos diferentes, incluindo vários best-sellers, com destaque para os grandes autores de ficção científica. De acordo com a Envisional, os quatro livros da série Harry Potter (J. K. Rowling) e Dreamcatcher, do mestre do terror Stephen King, estão entre os mais pirateados na Internet.
Também na literatura, o modelo que possibilita a disseminação ilegal de e-books é semelhante ao que é utilizado na troca de arquivos digitais ou de filmes, todos inspirados no Naspter e no tão falado peer-to-peer.
A Envisional, criada por ex-estudantes da Universidade de Cambridge, desenvolveu uma tecnologia de rastreamento de conteúdos ilegais, batizada como Sistema Automático Anti-Pirataria (AAPS, na sigla em inglês). Ao identificar um endereço com material irregular, o software manda emails de alertas para o autor do original e para os responsáveis pela infração. O site da empresa não menciona a taxa de sucesso da estratégia.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo, em 30/08/2001
A ameaça é real. Campeões de bilheteria que nem sequer foram lançados em VHS ou DVDs – como Hannibal, Shrek, Pearl Harbor e Lara Croft - Tomb Raider, entre outros - aparecem em cópias piratas na Internet ou em CDs. No mês passado, o alarme sou mais forte para os poderosos de Hollywood quando uma cópia de American Pìe 2 chegou à Internet duas semanas antes do lançamento oficial nos cinemas dos Estados Unidos.
O problema é tão grave a ponto de fomentar rankings dos filmes mais pirateados na rede. Um desses "top ten" é divulgado mensalmente pela MediaForce, uma empresa especializada em proteger copyright e rastrear conteúdos ilegais na Web. O ranking (disponível em www.mediaforce.com/news/topten), aponta a comédia Cara, Cadê Meu Carro? como a campeã de downloads piratas em julho, seguida de perto por Quem Vai Ficar Com Mary?, ambas produzidas pela Twentieth Century Fox.
Assim como o MP3 deu origem ao festival de trocas de arquivos musicais, o segredo da pirataria de filmes está no DivX, um padrão de compactação de vídeo, capaz de fazer com que um DVD de 5 gigabytes caiba inteiro em um CD comum. Com isso, está aberto o caminho para que o filme possa ser copiado, assistido (sem necessidade de um aparelho de DVD) ou “simplesmente” trocado, com o auxílio de programas como o Scour Exchange (http://www.scour.com/) ou o iMesh (http://www.imesh.com/) - semelhantes ao Napster, mas que também realizam trocas de DivX.
Baixar filmes gratuitamente na rede é uma prática relativamente antiga na Web – o próprio DivX surgiu ali pelo final de 99 - e apenas o tamanho dos arquivos, o tempo descomunal para o download e a baixa penetração da banda larga impediam uma maior disseminação. Com o avanço das tecnologias de transmissão, o principal entrave para que ocorra com os filmes o mesmo troca-troca que acontece com os arquivos musicais, cai por terra. E nos EUA, berço do Naspter e agora também do DivX, cerca de 18 milhões de usuários já contam com conexões em alta velocidade.
Até dá para fazer isso por linha discada, principalmente com o auxílio de programas que melhoram consideravelmente a velocidade de downloads. “Não duvide se alguém lhe falar que fez download do filme Matrix com resolução máxima e som digital em poucas horas!”, ressalta em bom português um site com um farto estoque de filmes, trailers e vídeoclips “disponíveis” em Divx. É a mais pura verdade. Não duvide.
Quanto custa e quanto vai custar?
No comunicado conjunto divulgado na semana passada, MGM, Paramount, Sony Pictures, Universal e Warner Bros não revelaram quanto pretendem cobrar pela “legítima distribuição de conteúdo na Web”. Disseram apenas que vão somar esforços para garantir “um nível adequado de proteção de copyright”, por meio de um software de gerenciamento de direitos autorais.
A MPAA, entidade que reúne os grandes estúdios norte-americanos estima em US$ 3 bilhões a perda anual de receitas do setor provocada pela pirataria (www.mpaa.org/anti-piracy). É cedo para sabermos se o monstro será domado. Mas, pelo menos, a indústria do cinema não vai fazer como os executivos musicais que só despertaram para o problema quando já existiam 50 milhões de usuários torcendo contra.
Harry Potter e Stephen King
Já que o assunto é ranking de pirataria, um bom endereço a ser visitado é o www.envisional.com, que traz a relação dos e-books mais “trocados” na Internet. São quase 7.300 títulos diferentes, incluindo vários best-sellers, com destaque para os grandes autores de ficção científica. De acordo com a Envisional, os quatro livros da série Harry Potter (J. K. Rowling) e Dreamcatcher, do mestre do terror Stephen King, estão entre os mais pirateados na Internet.
Também na literatura, o modelo que possibilita a disseminação ilegal de e-books é semelhante ao que é utilizado na troca de arquivos digitais ou de filmes, todos inspirados no Naspter e no tão falado peer-to-peer.
A Envisional, criada por ex-estudantes da Universidade de Cambridge, desenvolveu uma tecnologia de rastreamento de conteúdos ilegais, batizada como Sistema Automático Anti-Pirataria (AAPS, na sigla em inglês). Ao identificar um endereço com material irregular, o software manda emails de alertas para o autor do original e para os responsáveis pela infração. O site da empresa não menciona a taxa de sucesso da estratégia.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo, em 30/08/2001
Marcadores:
DivX,
estadão,
filmes,
Harry Potter,
iMesh,
robson pereira,
Stephen King
Assinar:
Postagens (Atom)