No dia 30 de janeiro deste ano, Marta Lagos, diretora do Latinobarómetro, uma Organização Não-Governamental, com sede no Chile, esteve na sede da Organização dos Estados Americanos, a OEA, para apresentar uma síntese do pensamento de 400 milhões de pessoas residentes nos 18 países que formam a chamada América Latina. A pesquisa coordenada por ela é realizada anualmente desde 1995 e o trabalho é explicitamente inspirado em estudo semelhante realizado no âmbito da União Européia.
A maioria dos temas abordados no Latinobarómetro é recorrente. Repete-se ano após ano, como forma de acompanhamento permanente do pensamento médio de cada cidadão sobre temas de interesse comum da região onde vivem. Mas a cada pesquisa um ingrediente novo é incluído nas pesquisas e é exatamente este tema novo que acaba chamando a atenção da mídia como um todo.
Nos dados apresentados por Marta Lagos, o tema predominante este ano foi uma espécie de radiografia da democracia na América Latina, talvez, influenciado pela polêmica visão do presidente da Venezuela, Hugo Chavez, sobre a tal “onda esquerdista” que estaria varrendo a região.
Pelos dados coletados pelo Latinobarómetro, Chavez equivocou-se, a começar pelo seu próprio país. Numa escala de 0 a 10, onde 0 representa a extrema esquerda e 10, a extrema direita, a América Latina registrou média de 5,4. ou seja, ligeiramente mais para a direita do que para a esquerda. Cerca de 40% dos venezuelanos se declararam como “de centro”, enquanto 33% auto definiram-se como “de direita”. Só 27%, portanto, estariam, na Venezuela, absorvidos pela tal “onda esquerdista”.
Vários outros índices aferidos pelo Latinobarómetro derrubam a tese levantada pelo presidente venezuelano, mas isso já foi bastante explorado pela imprensa e não vale a pena repetí-los aqui. Quem tiver maiores interesses nessa e em outras questões relacionadas, pode acessaro documento em http://www.latinobarometro.org/. Tem dados interessantes, inclusive sobre o que os latinos americanos entendem por democracia.
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