Meses atrás fui chamado pela direção da escola onde minha filha estuda. Éramos cerca de 40 pais diante de um ex-dono de cursinho, hoje empresário bem sucedido, dono de um tradicional colégio no Rio, bem colocado no ranking das escolas cariocas, e que batizou com o seu próprio nome o "sistema" de ensino utilizado pelos professores. Com um discurso bem preparado, o empresário e ex-professor disse que devíamos nos sentir orgulhosos, pois os nossos filhos eram os que apresentavam as melhores notas e tinham em comum "o prazer pelo estudo". Em seguida, anunciou a criação de uma turma especial, formada pelos "melhores alunos" que seria preparada para passar "com folga" em qualquer vestibular e nos cursos mais procurados. Seria uma turma homogênea, explicou, e que seria mais exigida e preparada para a "batalha" do vestibular.
"Todos os anos fazemos isso e os resultados estão aí mesmo para comprovar o sucesso dessas turmas especiais, que não terão custos nenhum para os senhores".
Ato contínuo, citou um a um, em ordem alfabética, os alunos que fariam parte da turma especial. O nome de minha filha estava lá. Os pais pareciam orgulhosos, como felizes proprietários de vaquinhas premiadas. Exceto, eu, que não resisti.
Levantei o braço e perguntei por que não formar "turmas especiais" para os alunos que não vinham apresentando notas tão boas e que, portanto, mereciam um acompanhamento mais de perto? O resultado, no meu modo simplista de ver a vida seria, ao longo do ano, um contingente de alunos mais uniforme no que diz respeito ao desempenho escolar e bem mais estimulados. Além disso, insisti, o colégio deveria convocar ou pelo menos explicar "as regras" do jogo" também para os pais dos alunos que não estariam na "turma especial", até para que pudessem ajudar a melhorar o desempenho escolar dos filhos.
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