17 de ago. de 2006
Três amigos e um funeral
Imaginem a cena: dois carros interceptam um terceiro veículo, um Audi. Motorista e carona são obrigados a descer. O "carona" leva oito tiros na cabeça. O motorista, única testemunha, diz que que a intenção do bando era levar o carro e que o amigo morreu ao reagir. Testemunha, sem um único arranhão, e vítima, devidamente sepultada, foram figurinhas carimbadas na imprensa anos atrás. Polêmicos e com amigos e inimigos aos montes. Um tentou dar um aspecto legal às fraudes bilionárias do INSS. O outro, primo do primo, ambos primos do primo mais famoso, acumulava denúncias e mais denúncias. E era ágil em processar coleguinhas e jornais que se atrevessem a publicá-las. Mas, de repente, ninguém mais fala (escreve) sobre a tal "tentativa de assalto". Lembrei da história ao ser apresentado a um candidato a deputado federal, desembargador aposentado, que acabava de voltar da missa de sétimo dia de um "grande amigo, homem íntegro, que morreu vítima de um assalto". Com oito tiros na cabeça?, provoquei. "Uma violência sem tamanho, não é mesmo?", devolveu o ex-desembarcador desentendido. Deixei prá lá ou o filé com fritas esfriaria.
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