Todas as quintas-feiras, de tardinha, um grupo de de septagenários ocupa uma das mesas de um tradicional clube às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio, para jogar cartas e “conversa fora”, como faz questão de ressaltar um deles. Quem passa e ver aqueles senhores grisalhos, em bermudas e chinelos, jamais poderia imaginar que são personagens que fizeram e até mudaram a história do País. No meio deles, Ivan Mendes de Souza, general da reserva, último ministro-chefe do temível Serviço Nacional de Informação, o SNI, criado e comandado pelo “bruxo” Golbery do Couto e Silva.
Para quem não se lembra, o general Ivan Mendes de Souza serviu ao longo de todo o governo do então presidente José Sarney, embora escolhido por Tancredo Neves, que morreu antes de assumir.
O general tem certamente muitas histórias para contar, mas freqüentemente recorre a um “ah, eu não me lembro” para evitar questões mais delicadas. Quase sempre consegue. Na última ocasião em que estive com ele, porém, cometeu um "pequeno" deslize, embora com todaa certeza nãotenha percebido.
Contava-me o general, numa entrevista para o Estadão, que nunca foi publicada, que logo que assumiu o Comando do Quartel Militar na Região do Araguaia, berço de muito sangue e romantismo, se deparou com um buraco largo e fundo dentro das dependências do quartel.
Chamou um subalterno e perguntou, curioso:
- O que é isso aqui?.
- Meu general, é aí que jogamos aquele pessoal que conseguimos pegar, ouviu como resposta. Ivan Mendes garante que mandou tampar no mesmo dia o poço.
Uma boa escavação na área pode revelar surpresas nada românticas.
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