2 de abr. de 2007

Impacto profundo, mas improvável

Pegue sua agenda e anote. No dia 7 de agosto de 2027, pela manhã, um asteróide estará passando a 387 mil quilômetros de nossas cabeças. A distância é mais ou menos a mesma que separa a Terra da Lua. Parece muito, mas em termos astronômicos é como olhar para a casa do vizinho – de um vizinho incômodo, vale dizer.

A data não tem nada de apocalíptica. Ela apenas resume alguns estudos da Nasa em seu programa Cercando a Terra (http://neo.jpl.nasa.gov/), cujo objetivo é vasculhar o espaço à procura de objetos que possam representar algum tipo de perigo e analisar formas – ou tentativas - de impedir que tais corpos caiam no nosso planeta. Pelo menos em tese, a Nasa considera possível interferir na trajetória de tais corpos, façanha que Hollywood já conseguiu em algumas ocasiões.

Como fazer isso não é o caso para discutirmos aqui, até porque nem sempre as coisas saem como planejadas. Quer um exemplo? Pegue a agenda de volta e tente descobrir onde você estava na noite de 7 de janeiro de 2002, quando um outro asteróide, batizado como YB5, passou “pertinho” daqui.

Abro aspas para reproduzir um trecho de um email que recebi da astrônoma Daniela Lazzaro, coordenadora da Área de Astronomia do Observatório Nacional, em resposta a uma consulta que fiz sobre o tal asteróide:

O mais preocupante em relação a este objeto foi o fato de ter sido descoberto apenas cerca de duas semanas antes de sua aproximação máxima com a Terra. Ou seja, pela primeira vez se descobriu um objeto em possível rota de colisão com a Terra muito “em cima da hora”. Se, de fato o objeto estivesse em rota de colisão, não teríamos tido tempo de fazer absolutamente nada! Era sentar e esperar o impacto.

Aspas fechadas, concluo:

O YB5 tinha 300 metros de diâmetro e a sua aproximação máxima foi equivalente a duas vezes a distância que nos separa da Lua. Quem estiver interessado no assunto, a página pessoal de Daniella Lazzaro (www.daf.on.br/~lazzaro/dani.htm) é um bom ponto de partida. Aproveite para visitar o site do Observatório Nacional (http://www.on.br/) e dê uma olhada na sessão a sessão “O Astrônomo Assistiu”, com críticas de filmes como Impacto Profundo, Missão a Marte ou Marte Ataca, feitas por quem entende do assunto.

Para aqueles que ficaram impressionados com a data lá em cima, uma informação que serve como alívio. Existem centenas de registros de “riscos de impacto” listados no programa Cercando a Terra, administrado pela Nasa. Para cada registro, uma fartura de detalhes, como diâmetro do objeto, data em que estará mais perto de nossas cabeças e velocidade de aproximação, entre outras.

O importante mesmo é observar a última coluna da tabela, conhecida como Escala de Torino, referência à cidade italiana onde em 1999 foi realizado um grande encontro de especialistas especificamente para discutir o grau de periculosidade para a humanidade de asteróides, cometas ou qualquer outro objeto especial. A escala vai de 0 a 10, mas, até agora pelo menos, todos os registros da Nasa trazem o número 0, o que em português claro indica uma probabilidade zero de choque com a Terra nos próximos 100 anos.

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