Com várias premissas, diretrizes e propostas gerais, já está na Internet, aberto à críticas e sugestões, o documento que servirá de subsídio ao governo para a formulação de políticas contra o analfabetismo digital. Mais de 30 anos separam este movimento de um outro, lançado às vésperas do Natal de 1967, e que prometia erradicar o analfabetismo em 10 anos. Três décadas depois, 16 milhões de adolescentes – e um contigente semelhante de adultos - continuam sem saber ler, mas um número muito maior está sem entender as mudanças radicais introduzidas no seu dia-a-dia pelas novas tecnologias.
A íntegra do documento está em http://www.inclusaodigital.com.br/. Vale a pena ler. O texto é curto, toca em pontos fundamentais, mas também comete alguns excessos. Um deles está na proposta de disponibilizar terminais de acesso (à Internet) e correio eletrônico para “toda a população”. Isso significaria eliminar por completo o chamado fosso digital que hoje separa os seis porcento da população brasileira que têm acesso à Internet do restante dos mortais.
Mas não se detenha demasiadamente nesta questão, que soa apenas como demonstração das boas intenções dos organizadores. O texto foi produzido por quem entende do assunto e representa uma síntese das discussões ocorridas durante a Oficina para a Inclusão Digital realizada no mês passado em Brasília. Em outubro, também na Capital Federal, será realizada a Feira Mundial de Inclusão Digital, quando o documento que está na Internet, complementado com as sugestões recebidas até lá, será transformado no Manifesto para a Inclusão Digital, uma espécie de cartilha para nortear as ações do governo na questão da Inclusão Digital.
Bi-alfabetização
Em vez de cartilhas ou cadernos, computadores estão ajudando na alfabetização de várias pessoas no Paraná e em Santa Catarina. O trabalho está sendo realizado com um software desenvolvido pela Copel (http://www.copel.com/) e que tem na interatividade um elemento de dupla eficácia: ao mesmo tempo em que aprende a ler o aluno se habilita a lidar com o computador, num processo de bi-alfabetização. Os resultados alcançados até agora mostram que com apenas 200 horas de aula é possível um aprendizado equivalente às quatro primeiras séries do ensino regular. Outra vantagem do software utilizado é que ele não necessita de computadores potentes para rodar. O programa chegou à Florianópolis graças a iniciativa de um grupo de funcionários da CEF.
Pluto eletrônico
Um jornal eletrônico utilizado em escolas de várias partes do mundo promete ser a grande atração para a garotada da rede pública de Curitiba já no ensino no início do ano letivo de 2001. O projeto, que permitirá uma maior interatividade entre alunos, professores e a própria comunidade, será implantado com a ajuda do Pluto, um software para edição eletrônica desenvolvido pelo Media Lab (http://www.media.mit.edu/), do Massachussets Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos. A Agência Estado traduziu o programa para o português e o doou à Secretaria Municipal de Educação de Curitiba. Na primeira fase, o Pluto será implantado em 11 escolas e utilizados por alunos 5ª à 8ª séries.
Biblioteca virtual
Dois milhões de alunos matriculados em três mil escolas estaduais de São Paulo terão acesso a partir de outubro a quase dois mil livros de 1.245 autores nacionais e estrangeiros. Para entender melhor o que significam estes números acesse o endereço http://www.ensinomédio.sp.gov.br/, criado pelo governo paulista, como carro-chefe de um programa de formação de bibliotecas escolares voltadas para o ensino médio. Na prática, o site vai funcionar como uma livraria virtual, mas com uma série de vantagens sobre todas as demais.
O site vai reunir um catálogo de obras previamente selecionadas por uma comissão da Secretaria de Educação. Além dos títulos, pais, alunos e professores terão acesso à resenhas e informações detalhadas sobre os autores. Definidos os livros, cada escola poderá encomendar um número de exemplares correspondente ao número de alunos. A compra será feita diretamente pela Secretária de Educação, que destinou para o programa uma verba de R$ 20 milhões, suficiente para a aquisição de algo em torno de três milhões de exemplares. As escolas têm até o dia 10 de agosto para selecionar e encomendar os livros, que deverão ser entregues já em outubro.
Festival de curtas
A BMW decidiu investir forte na Internet e reuniu alguns dos mais badalados nomes de Hollywood para um projeto ambicioso, que inclui a produção de cinco curta-metragens para exibição exclusiva na Web. Entre os diretores envolvidos no projeto, estão David Fincher, de O Clube da Luta); Ang Lee (O Tigre e O Dragão), John Frankenheimer (Ronin) e o mexicano Alejandro González Iñarritu (Amores Brutos). No elenco, além dos carros da montadora alemã, astros como Mickey Rourke, Madonna, Thomas Milian, de Traffic e a top model brasileira, Adriana Lima, estrela do terceiro curta da série, The Follow, dirigida por Wog Kar-Wai. O próximo filme (Powder Keg, dirigido por Iñárritu) chega à Internet na semana que vem, mas todos os anteriores permanecem em exibição no endereço http://www.bmwfilms.com/.
Oito anos de música
A MP3.com está comemorando a marca de um milhão de arquivos musicais, em um catálogo que reúne 150 mil artistas de 180 países. Um comunicado da empresa calcula em 4,25 milhões de minutos o “tamanho” do seu acervo. Para se ter uma idéia do que isso representa, basta lembrar que uma grande gravadora precisaria de oito anos de produção contínua para atingir tal marca. Nas últimas semanas, a empresa lançou novos serviços na tentativa de melhorar o caixa. Um deles, batizado como netCDs, possibilita a compra de CD reais ou virtuais.
Neste último caso, os arquivos escolhidos vão para uma área personalizada, o MyMP3, e poderão ser acessados a partir de qualquer equipamento com acesso à Internet, durante o período da assinatura. Mas o lançamento de novos produtos, todos pagos, não significa uma garantia de reforço no caixa. Um estudo divulgado pela Consumer Electronics Association revela que nove em cada dez usuários da Internet nos Estados Unidos fazem download de arquivos multimídias, mas apenas um em cada dez admite pagar qualquer tipo de taxa pelo acesso. A mesma pesquisa mostra que arquivos de músicas em formato MP3 são copiados por 42% dos usuários da Internet.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo em 28/06/2001
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