Hal Varian e Aleksey Strygin, dois pesquisadores da Universidade da Califórnia, passaram vários meses mergulhados em estatísticas na tentativa de dimensionar a produção e o estoque mundial de informações. Não definiram claramente o conceito de informação e por isso mesmo mediram tudo - desde uma nostálgica foto familiar até memorandos e ofícios, passando, é claro, pela programação das emissoras de rádio e televisão, jornais, revistas, livros, filmes e a Internet.
Chegaram a um número fantástico e a várias conclusões. Uma delas, preocupante e polêmica: o mundo estaria produzindo mais informações do que a capacidade do ser humano absorvê-las. Mas esse não era o principal objetivo do trabalho. A pesquisa foi financiada por uma das maiores empresas de armazenamento e gerenciamento de dados em todo o mundo. Na prática, Hal e Aleksey queriam saber o potencial de informações “estocáveis” no planeta.
A Universidade da Califórnia há muito se preocupa com este assunto, tanto que foi a primeira escola nos Estados Unidos a criar uma cadeira de Administração de Informações e Sistemas. Ao quantificar níveis de produção e o estoque de informações (medido em bytes), os dois pesquisadores chamaram a atenção exatamente para este problema. A íntegra do documento pode ser encontrada no endereço http://www.sims.berkeley.edu/.
O levantamento estima entre um e dois exabytes o volume de informações geradas a cada ano em todo o mundo. Para estocar tudo isso, usando as melhores técnicas existentes para a compressão de dados, seriam necessários 3,3 trilhões de CD-Rom. O surpreendente é que “apenas” 100 milhões destes CDs (0,003%) seriam suficientes para armazenar toda a produção mundial de material impresso, sejam livros, jornais, revistas ou medidas provisórias.
Os discos restantes seriam utilizados para guardar a informação que já nasce digital, como por exemplo toda a produção cinematográfica e musical, além de 500 bilhões de documentos existentes na Internet, 80 bilhões de fotografias pessoais e 1,4 bilhão de fitas de vídeo existentes no mundo – segundo as fontes consultadas pelos pesquisadores. A pesquisa conclui que 25% da informação impressa, 30% da informação fotográfica e pelo menos 50% do material arquivado em meios magnéticos estão nos Estados Unidos.
Para medir o consumo caseiro de informações, Hal e Aleksey recorreram ao censo norte-americano e descobriram um dado curioso. Em 1992, uma família americana gastou o equivalente a 3.324 horas assistindo TV e vídeos, ouvindo rádio e músicas em CDs, lendo livros, revistas e jornais, jogando vídeo game e navegando pela Internet. No ano passado, foram 3.380 horas (cerca de 140 dias) utilizadas da mesma forma - um acréscimo relativamente pequeno diante do crescimento aparente da indústria da informação e do entretenimento na última década.
Até mesmo as informações pessoais armazenadas em computadores pessoais foram medidas. Segundo os pesquisadores, nos 200 milhões de discos rígidos instalados no mundo existiriam cerca de 25 mil terabytes de informações, incluindo o conteúdo de 610 bilhões de e-mails enviados no mundo inteiro a cada ano. Hal e Aleksey não pediram, mas a partir de amanhã prometo iniciar uma espécie de racionamento digital e cortar 20% das informações armazenadas no meu computador.
Backup francês
O governo francês tomou uma decisão polêmica: todas as páginas produzidas no país para a Internet terão de ser arquivadas, a exemplo do que já ocorre com jornais, revistas e livros. A Biblioteca Nacional e o Instituto Nacional de Audiovisuais foram encarregados de fiscalizar a aplicação da lei e poderão capturar qualquer página na Internet, mas a responsabilidade pelo arquivamento será mesmo dos responsáveis pelos sites. De acordo como o Europemedia.net (http://www.europemedia.net/), 100 mil sites franceses deverão ser atingidos pela medida, que ainda terá de ser regulamentada.
Erros cinematográficos
Titanic continua na frente, mas Matrix avança e já ultrapassou Gladiador em um ranking que, definitivamente, não leva em conta bilheteria, efeitos especiais ou estatuetas do Oscar. As três super produções lideram a lista de filmes que chegaram às telas com o maior número de erros na montagem ou mesmo no roteiro. Confira em http://www.movie-mistakes.com/, um site organizado por um certo Jon Sandys e uma legião de colaboradores de várias partes do mundo.
Entre os 123 erros atribuídos pelo site ao filme de James Cameron, Sandys anotou casos de figurantes que morreram durante o naufrágio, mas foram ressuscitados nos barcos salva-vidas. Em Matrix, um dos 121 erros apontados estaria na câmera refletida pelas lentes espelhadas dos agentes que tentam capturar Morpheus. Já em Gladiador, os autores do site garantem que viram fumaça saindo de uma carruagem. Até a semana passada, foram catalogados pelo site erros em 1.418 filmes.
Coluna publicada originalmente em O Estado de S. Paulo em 05/07/2001
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